Agricultura regenerativa impulsiona inovação e sustentabilidade no campo

Sistema agroflorestal com plantio direto e uso de compostagem – exemplo de inovação no campo sustentável.

Com uso de bioprodutos agrícolas, crédito de carbono e tecnologias de regeneração do solo, produtores rurais inovam em práticas sustentáveis e atraem investimentos.

A agricultura regenerativa tem se consolidado como uma alternativa viável e necessária para o futuro do campo. Com práticas que restauram o solo e reduzem a emissão de carbono, o modelo promete transformar o agronegócio, atrair crédito rural sustentável e impulsionar o uso de tecnologias agrícolas inovadoras.

Ao contrário da agricultura convencional, que muitas vezes esgota os recursos naturais, a agricultura regenerativa adota práticas como o plantio direto, compostagem, cobertura vegetal, agroflorestas e uso de bioprodutos agrícolas. Essas soluções aumentam a fertilidade do solo, fortalecem a biodiversidade e garantem produtividade com menor impacto ambiental.

Segundo o Instituto Regenera Brasil, mais de 7 mil propriedades brasileiras, entre pequenas e grandes, já migraram para modelos sustentáveis de produção. A mudança é impulsionada por incentivos ao financiamento rural sustentável, consultorias agrícolas especializadas e a crescente demanda por alimentos com rastreabilidade e baixo impacto de carbono.

Produtores familiares lideram transformação
Em regiões como o sudeste do Pará, produtores familiares têm sido protagonistas da transição para a agricultura regenerativa. “Depois que adotamos consórcios agroflorestais e práticas de cobertura do solo, tudo mudou. Reduzimos o uso de fertilizantes químicos e hoje aplicamos compostagem e biofertilizantes produzidos aqui mesmo”, conta dona Maria Aparecida, agricultora de um assentamento rural.

Com apoio de cooperativas, ONGs e plataformas de agricultura digital, essas propriedades passaram a integrar cadeias produtivas de valor sustentável, inclusive com acesso a selos e certificações que facilitam a venda direta e agregam valor aos alimentos.

Empresas e mercado de crédito de carbono
Grandes empresas do setor alimentício e cosmético, como Nestlé, Danone e Natura, já exigem de seus fornecedores práticas ligadas à agricultura de baixo carbono. Isso tem impulsionado investimentos em soluções para o agronegócio, incluindo sistemas de energia renovável no campo, manejo regenerativo e sequestro de carbono no solo.

Especialistas apontam que o avanço da agricultura regenerativa está diretamente ligado à valorização do crédito de carbono, que permite a produtores rurais gerar receita adicional por serviços ambientais prestados.

Desafios e oportunidades para o Brasil
Apesar dos avanços, os desafios ainda são significativos. Falta uma legislação federal que reconheça oficialmente a agricultura regenerativa como um sistema produtivo distinto, o que dificultaria o acesso a linhas de financiamento específicas e políticas públicas voltadas à regeneração ambiental.

Contudo, o cenário é promissor. Com o aumento da procura por alimentos sustentáveis, tecnologias verdes e consultorias em gestão agroecológica, abre-se um novo horizonte de oportunidades. O Brasil, com sua diversidade climática e potencial agroflorestal, tem tudo para liderar essa transformação.


A agricultura regenerativa representa um caminho estratégico para o Brasil se destacar como potência sustentável. Ao integrar inovação no campo, soluções ecológicas e geração de renda com impacto positivo, o setor rural mostra que é possível produzir mais regenerando a vida – e ainda acessar mercados de alto valor, como os de bioprodutos agrícolas e crédito de carbono.




__________________________________
 Publisher: Gilberlan Atrox — jornalista (MTb 2777/PA) e técnico agrícola em agropecuária, da PLUATROX SEGMENTOS — marca segmentada que atua nas áreas de comunicação e informação rural, urbana e divulgação de conteúdos sonoros.
 Reportagem publicada originalmente em www.pluatrox.com

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem