Parauapebas (PA), 12 de agosto de 2025 — Nesta terça-feira, Dia Nacional dos Direitos Humanos, trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade tomaram as ruas de Parauapebas para dar continuidade à Jornada por Direitos e Contra os Privilégios. A mobilização, que teve início no último dia 10, reúne milhares de pessoas unidas para cobrar melhorias urgentes em educação, saúde, agricultura familiar, infraestrutura, habitação e demais direitos básicos negados ao povo.
A cidade, marcada pela exploração dos minérios e pelo descaso de gestões que priorizam privilégios para poucos, enfrenta uma crise estrutural. Essa situação atinge de forma cruel as comunidades rurais e urbanas, especialmente as famílias que vivem da agricultura familiar, base fundamental para a soberania alimentar e para a economia local.
Logo pela manhã, caravanas saíram dos acampamentos, assentamentos e bairros populares, incluindo a forte presença do MST — Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra — para seguir em marcha até a prefeitura. Eles levaram consigo a voz dos que trabalham a terra e constroem a cidade, mas que, historicamente, foram excluídos dos processos decisórios.
No Acampamento Terra e Liberdade, espaço símbolo da resistência e da organização popular em Parauapebas, foi realizada uma assembleia ampliada, onde as pautas foram reafirmadas e os próximos passos da luta discutidos coletivamente.
O movimento denuncia o sucateamento dos serviços públicos essenciais, a falta de políticas públicas que atendam a população mais vulnerável e o favorecimento de grupos econômicos e políticos que mantém o poder concentrado, aprofundando as desigualdades.
“Não aceitamos mais que nossas crianças estudem em escolas sem estrutura, que nossas famílias enfrentem filas intermináveis por atendimento na saúde, que os trabalhadores do campo sofram com falta de assistência técnica e apoio à agricultura familiar”, afirmam os manifestantes.
Além dos protestos programados para hoje, já ocorrem desde o início da jornada diversas paralisações e ocupações em bairros e áreas rurais, mostrando a força e a determinação do povo organizado. A previsão é que mais de dois mil trabalhadores rurais cheguem ao centro da cidade para pressionar o poder público a abrir um canal de diálogo efetivo e implementar as reivindicações.
Essa mobilização não é pontual e nem isolada. Ela cresce diariamente, reunindo novos setores da sociedade civil, jovens, mulheres, movimentos populares urbanos e rurais que se reconhecem na necessidade de enfrentar a desigualdade e garantir direitos para todos.
O MST, como protagonista da luta pela reforma agrária e pelo fortalecimento da agricultura familiar, reafirma seu compromisso com a justiça social e a democratização do acesso à terra e aos recursos públicos. Para o movimento, a conquista desses direitos é fundamental para construir uma cidade e um país mais justos e sustentáveis.
A Jornada por Direitos e Contra os Privilégios segue em marcha, com o objetivo claro de construir alternativas reais para o povo de Parauapebas e derrotar os privilégios que privilegiam poucos em detrimento da maioria.
Como diz o lema do movimento: “A voz pela vida calará a ambição”. É a voz do povo organizado, que não aceita a desigualdade e não abre mão dos seus direitos.