Quarenta anos de redemocratização: Presidência da República no Brasil enfrenta ciclos de estabilidade e crise

Desde 1985, oito presidentes civis governaram o Brasil. Cinco enfrentaram crises, impeachments ou condenações; apenas três concluíram seus mandatos sem punições.

Desde 1985, oito presidentes civis governaram o Brasil. Cinco enfrentaram crises, impeachments ou condenações; apenas três concluíram seus mandatos sem punições.


Brasília – 16 de setembro de 2025 – Desde a redemocratização, em 1985, o Brasil atravessou quatro décadas de experiências democráticas que revelam tanto avanços institucionais quanto fragilidades na condução do poder Executivo. Nesse período, o país teve oito presidentes civis, e a estabilidade política mostrou-se um desafio constante.

Segundo a ciência política, sistemas presidenciais, como o brasileiro, combinam a legitimidade do voto popular direto com a rigidez do mandato fixo. Isso significa que, diferentemente do parlamentarismo, as crises políticas não se resolvem pela troca de governo dentro do Legislativo, mas tendem a se arrastar até que mecanismos como o impeachment ou a renúncia sejam acionados.

Presidentes que concluíram seus mandatos sem condenações ou perda de cargo

Apenas três presidentes eleitos pelo voto direto ou que assumiram na condição de vice conseguiram concluir seus mandatos sem enfrentar condenações judiciais, prisões ou afastamentos:

  • José Sarney (MDB)Assumiu em 1985 após a morte de Tancredo Neves e conduziu a transição democrática.
  • Itamar Franco (PRN/PMDB) Chegou ao Planalto em 1992 após o impeachment de Fernando Collor e encerrou o mandato em 1994.
  • Fernando Henrique Cardoso (PSDB) – Governou entre 1995 e 2002, sendo reeleito no primeiro turno em 1998.

Presidentes impactados por crises políticas e jurídicas

Os demais líderes do período democrático tiveram seus governos ou trajetórias pós-presidenciais profundamente afetados por acusações, processos e condenações:

  • Fernando Collor de Mello (PRN)Primeiro presidente eleito por voto direto após 29 anos de ditadura, sofreu impeachment em 1992 sob denúncias de corrupção.
  • Luiz Inácio Lula da Silva (PT) Enfrentou processos judiciais no âmbito da Operação Lava Jato, chegou a ser preso em 2018, mas posteriormente teve suas condenações anuladas pelo Supremo Tribunal Federal. Retornou à Presidência em 2023.
  • Dilma Rousseff (PT)Sofreu impeachment em 2016 em meio a acusações de crimes de responsabilidade fiscal.
  • Michel Temer (MDB) Vice que assumiu após o afastamento de Dilma, foi alvo de denúncias de corrupção passiva e chegou a ser preso em 2019.
  • Jair Bolsonaro (PL) – Presidente entre 2019 e 2022, enfrenta atualmente investigações e acusações relacionadas a sua conduta durante a pandemia e a suposta tentativa de golpe de Estado em 2023.

Análise institucional

Para cientistas políticos, esse histórico reforça duas interpretações centrais:

  1. Judicialização da política – o Judiciário tornou-se ator fundamental na definição dos limites da atuação presidencial.
  1. Fragilidade do presidencialismo de coalizão – sistema em que o presidente depende da formação de amplas alianças no Congresso, muitas vezes instáveis, para governar.

Perspectivas

A trajetória da Presidência da República no Brasil mostra que a democracia segue resiliente, mas exposta a choques recorrentes. Os próximos anos serão decisivos para avaliar se o país consolidará um ciclo de maior estabilidade ou se continuará no padrão de rupturas e disputas judiciais.

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