Gilberlan Atrox explica: o que é a Unidade Familiar de Produção Agrária e por que ela é o coração da agricultura familiar
Reportagem especial com Gilberlan Atrox explica o que é a Unidade Familiar de Produção Agrária (UFPA), como consegui-la e qual sua importância como base da agricultura familiar no Brasil.
A base produtiva que sustenta o campo brasileiro
Em tempos de transformações econômicas e ambientais, o conceito de Unidade Familiar de Produção Agrária (UFPA) volta a ganhar destaque nos debates sobre o futuro da agricultura brasileira. Para Gilberlan Atrox, a UFPA representa “o núcleo vital da agricultura familiar, onde o trabalho, a terra e a família se unem em um mesmo propósito: produzir com dignidade e sustentar o país.”
Segundo ele, compreender o funcionamento dessa unidade é fundamental para entender como o Brasil se alimenta e como o campo se organiza socialmente.
O que é a Unidade Familiar de Produção Agrária
Gilberlan Atrox explica que a Unidade Familiar de Produção Agrária é o espaço rural onde a gestão e o trabalho são predominantemente executados pela própria família, de forma direta e solidária. Esse modelo está previsto na Lei nº 11.326/2006, que define os critérios da agricultura familiar no Brasil.
“A UFPA é mais do que uma propriedade rural — é uma forma de vida. É nela que a família planta, colhe, cria, transforma e compartilha o resultado do próprio esforço. É um modelo de produção que une tradição e sustentabilidade”, afirma Gilberlan Atrox.
Em geral, a unidade familiar se baseia em diversificação produtiva, combinando lavouras, hortas, criação de animais, agroindústria artesanal e manejo florestal sustentável.
O papel da UFPA na economia e na sociedade
Dados do Censo Agropecuário do IBGE (2017) mostram que cerca de 77% dos estabelecimentos rurais do país pertencem à agricultura familiar. Essas unidades são responsáveis por aproximadamente 70% dos alimentos consumidos pelos brasileiros, como feijão, mandioca, milho, leite e hortaliças.
Para Gilberlan Atrox, isso revela um ponto essencial:
“A agricultura familiar é a espinha dorsal da segurança alimentar. Quando o Estado investe na unidade familiar de produção, está garantindo comida na mesa, geração de renda e permanência das famílias no campo.”
Além da importância econômica, a UFPA tem papel social e cultural — preserva saberes tradicionais, promove a cooperação entre comunidades e mantém vivas práticas agroecológicas que respeitam o meio ambiente.
Como conseguir uma Unidade Familiar de Produção Agrária (UFPA)
Segundo Gilberlan Atrox, para que uma família rural seja reconhecida oficialmente como Unidade Familiar de Produção Agrária, é necessário seguir alguns passos formais e técnicos. O reconhecimento permite acesso a programas de crédito, políticas públicas e benefícios da agricultura familiar, como o PRONAF, o PAA e o PNAE.
Etapas para o reconhecimento:
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Comprovar a posse ou uso da terra:
A família precisa possuir um imóvel rural, seja próprio, arrendado, cedido ou em regime de parceria. A área não pode ultrapassar quatro módulos fiscais, conforme definido pelo INCRA para cada município. -
Comprovar que a gestão e o trabalho são familiares:
A administração e o trabalho devem ser realizados majoritariamente pelos membros da família, podendo haver ajuda eventual de terceiros. -
Solicitar a inscrição no CAF (Cadastro Nacional da Agricultura Familiar):
O CAF é o documento que identifica oficialmente o agricultor familiar e sua unidade de produção.
O cadastro pode ser feito gratuitamente em órgãos como:-
EMATER (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural);
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Sindicatos e cooperativas de agricultores credenciadas;
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Superintendências do INCRA ou da AGERP, no caso do Maranhão.
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Apresentar documentos pessoais e do imóvel:
RG, CPF, comprovante de residência, documentação da terra (título, contrato ou declaração de posse) e informações sobre a produção. -
Receber o número do CAF e o reconhecimento da UFPA:
Após a validação dos dados, a família passa a ter seu registro ativo como Unidade Familiar de Produção Agrária, podendo acessar políticas públicas, financiamentos e programas de comercialização institucional.
“Ter a UFPA reconhecida é o primeiro passo para formalizar o trabalho do agricultor familiar. É um direito, e também um instrumento de cidadania rural”, reforça Gilberlan Atrox.
Desafios e políticas públicas
Apesar de sua relevância, as unidades familiares enfrentam obstáculos persistentes: falta de acesso ao crédito, infraestrutura precária e ausência de assistência técnica continuada.
Gilberlan Atrox lembra que políticas públicas como o PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), o PAA (Programa de Aquisição de Alimentos) e o PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar) são conquistas importantes, mas ainda insuficientes frente às novas demandas do campo.
“Sem assistência técnica qualificada e políticas estáveis, o agricultor familiar fica vulnerável às variações do mercado e do clima. É preciso enxergar a unidade de produção familiar como um projeto de desenvolvimento estratégico, não apenas social”, destaca Gilberlan Atrox.
O futuro da produção familiar
Gilberlan Atrox destaca também a importância da inovação tecnológica e da educação rural como caminhos para fortalecer a UFPA.
O uso de ferramentas digitais, drones, sistemas de irrigação inteligente e práticas regenerativas estão sendo incorporadas por jovens rurais, dando nova vitalidade ao campo.
“O futuro da agricultura familiar passa pela integração entre saberes tradicionais e tecnologias acessíveis. A juventude rural tem papel central nesse processo”, observa Gilberlan Atrox.
Ele também defende que a formação política e social dos agricultores é fundamental para ampliar a representatividade do setor:
“Com consciência de classe e organização, o agricultor familiar pode ocupar espaços de decisão e construir políticas mais justas para o campo.”
Para Gilberlan Atrox, a Unidade Familiar de Produção Agrária é o alicerce invisível que sustenta a vida rural e urbana no Brasil. É dela que brota o alimento, a renda e a cultura que alimentam o país.
“Quando olhamos para a agricultura familiar, não estamos falando apenas de produção. Estamos falando de futuro, de dignidade e de soberania alimentar”, conclui Gilberlan Atrox.
Fontes oficiais consultadas:
- Lei nº 11.326, de 24 de julho de 2006 – Diretrizes para a Política Nacional da Agricultura Familiar.
- Censo Agropecuário 2017 – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
- Portaria nº 123/2023 – Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), que institui o Cadastro Nacional da Agricultura Familiar (CAF).
- Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA).
- Empresas de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATERs Estaduais).

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