Porco que pasta como boi? Raça promete mudar a suinocultura

Porco do Pasto de Idaho é ideal para agricultura familiar, carne saborosa, temperamento dócil e criação sustentável em pastagens naturais.

Porco do Pasto de Idaho é ideal para agricultura familiar, carne saborosa, temperamento dócil e criação sustentável em pastagens naturais.

O Porco do Pasto de Idaho, conhecido internacionalmente como Idaho Pasture Pig (IPP), é uma raça de suíno desenvolvida nos Estados Unidos que vem conquistando criadores interessados em agricultura familiar e sistemas sustentáveis de produção. A raça foi criada a partir do cruzamento entre Duroc, Old Berkshire e Kunekune, unindo rusticidade, boa carne e comportamento dócil — uma combinação ideal para pequenas propriedades e projetos de agricultura familiar.

O projeto começou em 2006, no estado de Idaho, pelos criadores Gary e Shelly Farris. O objetivo era desenvolver um porco capaz de se alimentar principalmente de pastagens naturais, reduzindo custos com ração e impactos ambientais. A raça foi disponibilizada comercialmente em 2012, e desde então vem se expandindo nos Estados Unidos e em outros países interessados em práticas de agricultura familiar sustentável.

O IPP se diferencia por seu focinho curto e levemente curvado para cima, que limita o comportamento de escavação do solo — comum em outras raças — e o torna mais adaptado ao pastejo. Essa característica contribui para a preservação do solo e para a redução de erosões, além de facilitar o manejo em áreas de pastagem rotacionada, uma prática recomendada para projetos de agricultura familiar.

Com um temperamento calmo e sociável, o Porco do Pasto de Idaho é indicado para produtores familiares, escolas agrícolas e criadores iniciantes. As fêmeas adultas atingem entre 110 e 160 quilos, enquanto os machos podem chegar a 200 quilos. O tempo médio até o abate é de nove a dez meses, com peso ideal entre 100 e 115 quilos, produzindo uma carne com marmorização natural, sabor marcante e textura suculenta — muito valorizada no mercado de carnes premium.

Apesar do nome, o IPP não vive exclusivamente de pasto. Ele precisa de suplementação mineral e proteica, principalmente de lisina, para garantir crescimento saudável e boa reprodução. Quando há deficiência nutricional, o animal pode voltar a escavar o solo, comportamento natural entre suínos. Por isso, os criadores recomendam um sistema de pastejo rotacionado com oferta de ração balanceada e sal mineral específico para suínos de pasto, prática adequada à agricultura familiar.

Entre os benefícios da criação, destacam-se a redução de custos com alimentação, a melhoria do solo pela ciclagem natural de nutrientes e o bem-estar animal. Além disso, o sistema de criação em pastagem tende a gerar menor odor, menos acúmulo de dejetos e melhor aproveitamento dos recursos naturais, tornando-se ideal para pequenas propriedades voltadas à agricultura familiar sustentável.

Entretanto, ainda há desafios para sua expansão em países de clima tropical, como o Brasil. A raça foi desenvolvida em regiões de clima temperado, e sua adaptação ao calor e à umidade exige cuidados extras com sombra, ventilação e controle de parasitas. Outro obstáculo é a disponibilidade genética: o IPP ainda é raro fora dos Estados Unidos, o que dificulta a importação de matrizes e reprodutores.

Mesmo assim, especialistas consideram o Porco do Pasto de Idaho uma aposta promissora para o futuro da agricultura familiar, unindo eficiência produtiva, respeito ao meio ambiente e valorização do produtor rural. Com manejo adequado, essa raça pode representar um avanço importante para a produção de carne suína de qualidade, sustentável e rentável.

Comentários

Conteúdos mais visitadas