Operação Falso Profeta: pastor é preso acusado de estupro e tortura contra filhos e enteados no DF
Brasília (DF) — Nesta terça-feira (28 de outubro de 2025), a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) deflagrou a Operação Falso Profeta, que resultou na prisão de um homem acusado de cometer crimes de estupro de vulnerável, atentado violento ao pudor, tortura e maus-tratos contra os próprios filhos e enteados. O investigado, consagrado como pastor em uma igreja de Santo Antônio do Descoberto (GO), usava a religião para justificar os abusos e manter as vítimas em silêncio.
A ação foi conduzida pela Seção de Atendimento à Mulher (SAM) da 27ª Delegacia de Polícia, no Recanto das Emas (DF). De acordo com a investigação, os crimes ocorreram entre 2010 e março de 2018, dentro da residência da família, no Setor Habitacional Água Quente. As vítimas — crianças e adolescentes — eram obrigadas a realizar orações após os abusos, com as mãos sobre a Bíblia, enquanto o agressor utilizava o discurso religioso como forma de domínio psicológico.
Segundo a PCDF, o suspeito também submetia os enteados a castigos físicos e psicológicos extremos, chegando a usar arame farpado e obrigá-los a permanecer de joelhos sobre caroços de milho e tampas de alumínio. As marcas deixadas pelo sofrimento físico e emocional se tornaram provas do ciclo de violência que se escondia sob o disfarce da fé.
O silêncio foi rompido quando uma das filhas, abordada por uma conselheira tutelar, encontrou coragem para denunciar. O depoimento revelou o medo, a vergonha e a pressão familiar que mantiveram os crimes ocultos por anos.
Após tomar conhecimento da iminência da prisão, o acusado tentou tirar a própria vida no local de trabalho, sendo socorrido e levado à UPA de São Sebastião, onde foi preso. Ele responderá pelos crimes de estupro de vulnerável, atentado violento ao pudor, satisfação de lascívia na presença de menor, tortura e maus-tratos.
Quando a fé se torna instrumento de poder
O caso da Operação Falso Profeta é mais do que uma tragédia familiar. É um alerta sobre o risco que surge quando o poder espiritual se transforma em ferramenta de dominação. A religião, que deveria libertar, pode aprisionar quando usada para justificar o injustificável.
Há um abismo perigoso entre liderar com fé e mandar com medo. Quando a autoridade religiosa se coloca acima da lei, o altar se converte em trincheira de impunidade. E o que deveria curar, passa a ferir.
Em sociedades profundamente religiosas como o Brasil, é preciso reconhecer o papel essencial das igrejas — mas também é urgente fortalecer o dever de vigilância coletiva. A fé é sagrada, mas o silêncio diante da violência nunca deve ser.
Fé não é blindagem: é compromisso com a verdade
Casos como este reforçam que a fé não deve ser confundida com submissão. O verdadeiro líder espiritual orienta com amor, e não com medo. Ele serve, em vez de dominar. Ele protege, em vez de ferir.
Quando a religião é usada para esconder crimes, o que se rompe não é apenas a lei — é a confiança social. É o elo entre a palavra e o exemplo. É o sentido de comunidade.
O Estado cumpre seu papel ao agir com firmeza. Mas a sociedade precisa compreender que a fé sem responsabilidade é terreno fértil para o abuso. A espiritualidade deve caminhar ao lado da ética, nunca acima dela.
Operação Falso Profeta – PCDF
Assessoria de Comunicação – Polícia Civil do Distrito Federal
Recanto das Emas (DF), 28 de outubro de 2025
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