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A recente declaração do presidente norte-americano, Donald Trump, sobre a suposta intenção de "comprar e possuir" a Faixa de Gaza expõe mais uma vez a arrogância histórica dos Estados Unidos em relação ao cenário geopolítico global. A ideia, além de ser uma afronta aos palestinos, que há décadas lutam por sua autodeterminação, é um exemplo grotesco de como Washington continua a tratar o mundo como seu quintal particular.
Uma mentalidade colonialista
A proposta de Trump — que inclui realocar mais de 2 milhões de palestinos para países como Egito e Jordânia — não apenas ignora o sofrimento humano, mas também desrespeita as normas mais básicas do direito internacional. Parece que, para o presidente dos Estados Unidos, as pessoas podem ser tratadas como mercadorias, e territórios, como bens em negociação.
Essa postura é um reflexo de um imperialismo disfarçado, onde os interesses econômicos e estratégicos dos Estados Unidos prevalecem sobre a dignidade e os direitos de outros povos. Comprar Gaza? Expulsar palestinos? Essas ideias não apenas soam absurdas, mas remetem aos tempos sombrios de colonização e exploração.
Um histórico de intervenções fracassadas
Essa não é a primeira vez que os Estados Unidos demonstram falta de respeito pelo direito à soberania de outros povos no Oriente Médio. Intervenções militares no Iraque, no Afeganistão e na Líbia são exemplos de como a prepotência americana frequentemente resulta em caos e sofrimento.
No Iraque, a invasão de 2003, justificada por falsas alegações sobre armas de destruição em massa, deixou um rastro de destruição que ainda hoje afeta o país. No Afeganistão, após duas décadas de ocupação, os Estados Unidos se retiraram, deixando para trás uma nação ainda mais fragilizada. Na Líbia, a intervenção americana em 2011 ajudou a derrubar o regime de Muammar Gaddafi, mas mergulhou o país em um conflito interminável.
Esses exemplos deixam claro que o histórico de "soluções" americanas é, na verdade, um ciclo de destruição e desestabilização. O plano para Gaza, se implementado, não seria diferente.
O custo humano ignorado
Trump ignora, intencionalmente ou por completo desconhecimento, que Gaza é lar de milhões de pessoas que enfrentam dificuldades extremas devido ao bloqueio israelense e às condições precárias de vida. Essa população, já ferida por anos de conflitos, não pode ser simplesmente removida como se fosse um obstáculo inconveniente em um mapa político.
Além disso, os países vizinhos mencionados na proposta, como Egito e Jordânia, já carregam o peso de crises humanitárias e refugiados. Rejeitaram prontamente a ideia, destacando que a solução para Gaza não está na sua remoção do mapa, mas no respeito aos direitos dos palestinos e no cumprimento de resoluções internacionais.
Uma solução real para Gaza
A paz no Oriente Médio não será alcançada por meio de transações simplistas ou soluções unilaterais. Qualquer proposta que desconsidere os direitos humanos está fadada ao fracasso. Uma solução real para Gaza deve incluir:
- O fim do bloqueio: Garantir que a população de Gaza tenha acesso a alimentos, medicamentos, água potável e infraestrutura básica.
- Respeito à soberania palestina: Qualquer solução duradoura precisa respeitar o direito à autodeterminação do povo palestino.
- Mediação imparcial: A comunidade internacional deve assumir um papel mediador, sem favorecer um lado em detrimento do outro.
- Justiça social e econômica: Investimentos internacionais devem focar em reconstrução e desenvolvimento, garantindo oportunidades reais para a população local.
O mundo exige respeito
A postura de Trump reflete um problema maior: a crença de que os Estados Unidos são os guardiões da ordem mundial e, por isso, têm carta-branca para ditar os destinos de outras nações. Mas o tempo dessa hegemonia unilateral está chegando ao fim. O mundo está mais conectado, mais consciente, e as vozes de resistência contra essas práticas imperialistas estão mais fortes.
O futuro da Faixa de Gaza não pertence a Donald Trump, à Casa Branca ou a qualquer outra potência estrangeira. Ele pertence aos palestinos, que há décadas resistem com coragem, apesar das adversidades. É hora de os Estados Unidos entenderem que o respeito à soberania e à dignidade dos povos não é opcional.
Os Estados Unidos não são donos do mundo, e a humanidade não aceitará mais o peso de sua prepotência sem questionar. Gaza não está à venda, assim como nenhum território ou povo deveria estar.