Adeus, Irmão Gilberto – Um lavrador que virou voz da roça
No dia 9 de maio de 2025, a zona rural de Monção ficou mais triste. Partiu pra eternidade o senhor Gilberto Júnior Santos Reis, que todo mundo conhecia com carinho por Irmão Gilberto. Nascido ali mesmo em Monção, no dia 19 de abril de 1964, ele foi daqueles cabras que nunca negaram trabalho e que sempre tiveram a palavra firme na defesa do povo do campo.
Morador do PA Camacaoca, no Povoado Acará-Mirim, seu Gilberto vivia da roça, plantando com as mãos e sonhando com um mundo mais justo. Sabia das dificuldades de ser lavrador, enfrentando sol quente, inverno difícil e a falta de apoio pros trabalhadores e trabalhadoras da agricultura familiar.
Com 32 anos de idade, entrou no Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Monção (STTRs), onde se firmou como delegado de base e secretário-geral. Foi nesses cargos que ele deu voz às lutas do campo, exigindo respeito, terra, escola e saúde pros lavradores. Era um homem de coragem, desses que não se encurvam diante das injustiças.
Mas seu Gilberto também tinha um coração voltado pra educação. Dava aula por conta própria em comunidades como o Quilombo Castelo e o Povoado Bolsa, ensinando com paciência, mesmo sem recursos. Acreditava que o saber podia abrir porteira pra uma vida melhor. Não demorou muito e entrou na política, chegando a ser vereador de Monção, levando os causos e as demandas do povo da roça pro meio da cidade.
Nos seus últimos tempos, lutava contra um câncer no estômago, mas mesmo assim não deixava de botar fé e esperança na lida da vida. Faleceu no Hospital Regional de Monção, deixando saudade, mas também deixando um exemplo bonito de luta, coragem e amor pelo povo.
A Prefeitura e a Câmara Municipal de Monção se manifestaram com tristeza, reconhecendo o valor desse homem que sempre esteve ao lado dos pequenos. Gente da comunidade, antigos colegas de sindicato, professores, lavradores, todos fizeram questão de homenagear aquele que nunca se escondeu da luta.
Irmão Gilberto vai ser lembrado como um lavrador de palavra, um educador de chão batido e um defensor do campo, desses que não se fazem mais todo dia. O que ele plantou na terra e no coração do povo, ninguém tira.