As melhores raças de porcos para começar uma criação voltada ao abate: guia técnico com base na Embrapa e ABCS


A suinocultura é uma das atividades pecuárias mais lucrativas e sustentáveis do mundo, sendo responsável por produzir uma das carnes mais consumidas globalmente: a carne suína. No Brasil, o setor representa um importante segmento do agronegócio, com destaque para a exportação e abastecimento do mercado interno. A escolha da melhor raça de porco para abate é um dos primeiros e mais determinantes fatores para o sucesso da produção, pois influencia diretamente o ganho de peso, a qualidade da carne, o rendimento de carcaça, a conversão alimentar, a resistência a doenças e a adaptação ao sistema de criação.

Segundo recomendações técnicas da Embrapa Suínos e Aves e da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), as principais raças indicadas para quem deseja iniciar na criação de suínos para corte são as de alto potencial produtivo, bom desempenho reprodutivo e carcaças adequadas às exigências do mercado consumidor.

1. Large White: referência em prolificidade e rendimento

A raça Large White é uma das mais tradicionais e utilizadas no mundo na produção de carne suína. De origem inglesa, destaca-se pelo porte avantajado, crescimento rápido e carcaça de excelente qualidade, com elevada proporção de carne magra e baixo teor de gordura. Possui ainda características maternas excepcionais, com alta prolificidade (grande número de leitões por parto) e boa habilidade materna, sendo ideal para sistemas de cruzamento. A raça também é resistente e adapta-se bem aos sistemas de produção intensivos e semi-intensivos, comuns na suinocultura brasileira.


2. Landrace: excelência materna e rendimento de carcaça

Originária da Dinamarca, a raça Landrace é reconhecida mundialmente pela sua excepcional habilidade materna e eficiência produtiva. Apresenta boa precocidade sexual, alta prolificidade e longevidade reprodutiva, o que a torna indispensável como raça materna em sistemas de cruzamento industrial. Além disso, possui carcaças com elevado rendimento e carne de excelente qualidade, sendo altamente valorizada no mercado. De acordo com a Embrapa, a combinação de Landrace com Large White resulta em matrizes altamente produtivas e adaptadas às condições brasileiras.


3. Duroc: rusticidade e carne de qualidade superior

A raça Duroc, de origem norte-americana, é amplamente utilizada como raça terminal em programas de cruzamento, sendo referência quando o objetivo é obter desempenho zootécnico superior e carne de qualidade diferenciada. Caracteriza-se pelo porte robusto, rápida taxa de crescimento, excelente conversão alimentar e elevado nível de marmoreio, conferindo à carne uma textura mais macia, suculenta e saborosa, muito apreciada pelo mercado. Além disso, o Duroc possui rusticidade e resistência sanitária, características importantes para a adaptação a diferentes sistemas de produção e climas.


4. Pietrain: rendimento máximo de carne magra

A raça Pietrain, originária da Bélgica, é conhecida por sua impressionante musculosidade e elevado rendimento de carne magra na carcaça. Por isso, é frequentemente utilizada como raça paterna em cruzamentos destinados à produção de suínos para o mercado de cortes magros. Contudo, apresenta maior sensibilidade ao estresse e, consequentemente, maior risco de desenvolver síndrome do estresse suíno (PSS), o que demanda cuidados específicos no manejo, transporte e abate para evitar prejuízos econômicos. O Pietrain é ideal para sistemas que buscam alta eficiência produtiva e qualidade padronizada de carcaça.


5. Moura: alternativa sustentável e adaptada a sistemas extensivos

O Moura é uma raça suína brasileira, nativa da região Sul, que possui características importantes para sistemas extensivos, agroecológicos ou familiares. Apresenta rusticidade, resistência a doenças e excelente capacidade de adaptação a diferentes ambientes, além de uma carne de qualidade diferenciada, com sabor e textura valorizados na gastronomia gourmet. Segundo a Embrapa, o Moura é estratégico para a manutenção da diversidade genética suína no Brasil e se destaca como uma alternativa sustentável, especialmente para pequenos produtores.


6. Piau: rusticidade extrema e valorização cultural

O Piau é uma das principais raças suínas nativas do Brasil, especialmente do Nordeste. Caracteriza-se pela extrema rusticidade, alta resistência a doenças, capacidade de sobrevivência em ambientes de baixa tecnologia e alimentação baseada em pastagens naturais e resíduos agroindustriais. Embora apresente um crescimento mais lento, sua carne possui qualidade superior, com sabor marcante e gordura valorizada. É muito utilizada em sistemas de produção familiar, em economias locais e na valorização de produtos tradicionais. A Embrapa desenvolve ações para a conservação desta raça, importante para a segurança alimentar e a cultura regional.


A importância do cruzamento industrial na suinocultura moderna

De acordo com a ABCS e a Embrapa, a prática do cruzamento industrial é fundamental para potencializar as qualidades genéticas das raças suínas. A combinação estratégica de matrizes Large White ou Landrace com reprodutores Duroc, ou Pietrain resulta em animais que apresentam:
✔️ Maior ganho de peso diário
✔️ Melhor eficiência alimentar
✔️ Maior rendimento de carcaça
✔️ Melhor qualidade da carne
✔️ Maior resistência sanitária

Essa estratégia permite que produtores ofereçam ao mercado uma carne padronizada, saudável e saborosa, atendendo às exigências de consumidores cada vez mais preocupados com bem-estar animal, sustentabilidade e segurança alimentar.


Como escolher a melhor raça para sua criação de suínos?

A escolha da melhor raça de porco para criar deve levar em conta:
✔️ O sistema de criação (intensivo, semi-intensivo ou extensivo)
✔️ As condições climáticas da região
✔️ A infraestrutura da propriedade
✔️ A disponibilidade de alimentos
✔️ O perfil de mercado (corte magro, carne gourmet, produção local)
✔️ O nível de tecnologia empregada

Além disso, a orientação técnica especializada é essencial para garantir o bem-estar animal, a sanidade do plantel e a viabilidade econômica da atividade.


Genética, manejo e mercado são pilares da suinocultura de sucesso

Para quem deseja iniciar na criação de porcos para abate, investir em raças de alto desempenho produtivo ou em raças rústicas adaptadas aos sistemas familiares é o caminho para garantir rentabilidade, qualidade da carne e sustentabilidade. A integração entre uma genética adequada, boas práticas de manejo e uma estratégia de mercado bem definida é essencial para o sucesso na suinocultura, seja em grandes sistemas industriais ou em pequenas propriedades familiares.


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Publisher: Gilberlan Atrox — técnico agrícola em agropecuária, jornalista e fotógrafo documental da PLUATROX SEGMENTOS, marca segmentada que atua nas áreas de comunicação rural e serviços técnicos agropecuários.



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