A agricultura familiar é um dos pilares mais importantes para a economia, a cultura e o meio ambiente nos países que compõem o Mercosul — Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. Esses pequenos produtores são responsáveis por uma parcela significativa da produção agrícola regional, atuando diretamente na segurança alimentar, na geração de emprego e na preservação dos recursos naturais.
Embora existam diferenças específicas em cada país, a agricultura familiar em toda a região enfrenta desafios comuns, como o acesso limitado a crédito, assistência técnica, tecnologias adequadas e mercados competitivos. Para superar essas dificuldades, movimentos sociais e políticas públicas têm sido fundamentais para fortalecer essas famílias agricultoras e garantir seu papel ativo na economia.
No Brasil, por exemplo, o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) oferece crédito acessível e suporte financeiro para pequenos produtores rurais. Além disso, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (CONTAG) são organizações que lutam pelos direitos e pelo fortalecimento da agricultura familiar no país. Essas iniciativas incentivam práticas sustentáveis e a diversificação da produção, essenciais para a preservação do meio ambiente e para a oferta de alimentos saudáveis.
Na Argentina, o Instituto Nacional de Tecnología Agropecuaria (INTA) apoia agricultores familiares com pesquisas e assistência técnica, promovendo o desenvolvimento sustentável e a inovação no campo. O Movimento Nacional Campesino Indígena (MNCI) também atua pela defesa dos direitos dos pequenos produtores, valorizando a agricultura tradicional e o conhecimento ancestral.
No Paraguai, o Instituto de Desenvolvimento Rural e da Reforma Agrária (INDERT) desenvolve programas voltados para o acesso à terra e ao crédito para agricultores familiares, além de promover políticas de inclusão social. Organizações como a Coordinadora Nacional Intersectorial (CNI) dão voz às comunidades rurais para garantir políticas públicas efetivas.
No Uruguai, o Instituto Nacional de Colonização (INC) regula a distribuição de terras e apoia o desenvolvimento da agricultura familiar, enquanto a Federación Nacional de Organizaciones Campesinas (FONAC) trabalha pela defesa dos direitos dos produtores rurais e pela promoção de práticas agrícolas sustentáveis.
Além do impacto econômico, a agricultura familiar é fundamental para a manutenção da biodiversidade e para a cultura local. Ao preservar variedades tradicionais de sementes e manter práticas agrícolas adaptadas às condições ambientais locais, essas famílias contribuem para a sustentabilidade e para a resiliência frente às mudanças climáticas.
No contexto do Mercosul, a integração dos mercados regionais abre novas oportunidades para a agricultura familiar ampliar seu alcance, trocar experiências e fortalecer as cadeias produtivas locais. A cooperação entre os países é uma estratégia essencial para garantir políticas públicas alinhadas, investimentos em tecnologia e acesso a mercados internacionais.
Investir na agricultura familiar é investir no desenvolvimento sustentável da região, promovendo inclusão social, preservação ambiental e soberania alimentar. É um compromisso que envolve governos, organizações sociais e a sociedade como um todo para garantir um futuro mais justo e equilibrado para todos os povos do Mercosul.