O Banco do Brasil, principal instituição financeira do setor rural, registrou no segundo trimestre de 2025 a maior taxa de inadimplência do agronegócio em sua história. O índice chegou a 3,49% entre abril e junho, contra 3,04% no trimestre anterior e apenas 1,32% em 2024.
Produtores rurais pressionados pela dívida
Cerca de 20 mil produtores rurais não conseguiram honrar os pagamentos de crédito rural. O dado mais preocupante é que 74% nunca haviam atrasado parcelas até 2023. A inadimplência atinge principalmente o Centro-Oeste e o Sul, com concentração em produtores de soja, milho e pecuária de corte.
Lucro do Banco do Brasil despenca
A crise de pagamento derrubou o lucro líquido ajustado em 60%, para R$ 3,78 bilhões. As provisões para crédito de liquidação duvidosa aumentaram mais de 100%, somando R$ 15,9 bilhões. O Retorno sobre Patrimônio Líquido (ROE) caiu de 21,6% em 2024 para apenas 8,4% em 2025.
Com isso, o Banco do Brasil revisou a projeção de lucro anual para R$ 21 a R$ 25 bilhões, bem abaixo da meta inicial de R$ 37 a 41 bilhões. A distribuição de dividendos também foi reduzida de até 45% para 30%.
Modelos de risco falharam
A presidente do banco, Tarciana Medeiros, reconheceu que os modelos de risco falharam ao prever o comportamento da carteira. Em dezembro de 2024, a projeção era de 1,9% de inadimplência, mas na prática já era 2,45% — chegando agora a 3,49%.
Perspectivas para o agronegócio
O Banco do Brasil prevê mais dois trimestres de pressão nas operações de financiamento agrícola. Porém, há expectativa de recuperação a partir do final de 2025, impulsionada pela safra recorde de grãos, pela retomada das exportações e pelo ajuste dos preços internacionais da soja e do milho.
O que está em jogo para o produtor rural
O aumento da inadimplência no agronegócio pode encarecer os juros bancários e reduzir a oferta de crédito rural. Para evitar riscos maiores, especialistas recomendam:
- Diversificação de culturas e criação;
- Contratação de seguro agrícola;
- Renegociação antecipada de dívidas;
- Adoção de tecnologias para reduzir custos e aumentar a produtividade.
A inadimplência recorde derrubou o lucro do Banco do Brasil em 60%, afetou milhares de produtores rurais e acendeu um alerta para o futuro do crédito agrícola. A expectativa é que a safra recorde de 2025 traga algum alívio até o fim do ano.