26 de junho — Edição Especial para o Meio Rural — O Dia Nacional do Diabetes, celebrado em 26 de junho, é uma data estratégica para fortalecer o cuidado com a saúde da população, principalmente dos trabalhadores do campo. Embora muitas vezes distante das campanhas urbanas, o agricultor familiar também está exposto aos riscos do diabetes tipo 2 — forma mais comum da doença, que pode ser silenciosa, mas com graves consequências se não for tratada a tempo.
Segundo dados do Ministério da Saúde, mais de 20 milhões de brasileiros vivem com diabetes, e cerca de 10,2% da população adulta apresenta a doença, com destaque para os casos tipo 2, associados a fatores como sedentarismo, alimentação inadequada, sobrepeso, consumo de álcool e tabagismo. O meio rural, muitas vezes idealizado como um ambiente naturalmente saudável, também enfrenta desafios que favorecem o desenvolvimento da doença, especialmente entre trabalhadores acima de 40 anos.
O diabetes no campo é um risco invisível — Na agropecuária familiar, é comum encontrar trabalhadores que dedicam a vida à produção de alimentos, mas que deixam a própria saúde em segundo plano. Muitos evitam ir ao médico, não realizam exames de rotina e não têm acesso constante a informações de saúde. Essa realidade cria um cenário propício para o agravamento de doenças crônicas como o diabetes, que afeta a visão, os rins, o coração e até os pés — o que pode ser especialmente perigoso para quem trabalha em atividades manuais e no manejo de animais e ferramentas.
Apesar disso, existe um ponto positivo: a proximidade com alimentos saudáveis. Muitas famílias agricultoras produzem hortaliças, frutas, cereais e proteínas de alto valor nutritivo. A chave está em utilizar esse potencial para transformar a alimentação em um escudo contra a doença, promovendo uma verdadeira cultura de saúde no campo.
Prevenção e diagnóstico que cabem no dia a dia do agricultor — A prevenção do diabetes tipo 2 é possível e começa com pequenas mudanças no dia a dia:
- Alimentação balanceada, com mais alimentos naturais e menos produtos industrializados;
- Prática regular de atividade física, como caminhadas e alongamentos no início ou fim da jornada;
- Redução do consumo de açúcar, sal e gordura;
- Controle do peso corporal e da pressão arterial;
- Evitar o fumo e o consumo excessivo de bebidas alcoólicas;
- Fazer exames regularmente, principalmente após os 40 anos ou se houver casos de diabetes na família.
Nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), o agricultor pode realizar gratuitamente exames como glicemia de jejum e hemoglobina glicada, que ajudam a detectar precocemente a doença. O acompanhamento contínuo é fundamental para manter a saúde no campo em dia e evitar complicações que prejudiquem a vida e o trabalho.
Ações do SUS, SENAR e programas voltados ao campo — O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento gratuito para diabetes, com medicamentos como metformina, glibenclamida e insulina, além de acompanhamento multidisciplinar com médicos, nutricionistas e enfermeiros. O programa Farmácia Popular também facilita o acesso a medicamentos essenciais.
O SENAR (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural) tem papel importante na educação em saúde no campo. Através do programa “Saúde da Família Rural”, o SENAR oferece atendimentos itinerantes com exames, orientações sobre alimentação e prevenção de doenças crônicas, incluindo o diabetes. Além disso, promove cursos e oficinas voltados ao bem-estar dos trabalhadores rurais, com foco em práticas saudáveis e segurança no trabalho.
Também existem iniciativas governamentais, como o Programa Saúde com Agente, que capacita agentes comunitários de saúde e de endemias para fortalecer o cuidado em áreas rurais. Em algumas regiões, parcerias entre prefeituras, sindicatos e cooperativas têm levado ações de saúde diretamente às comunidades agrícolas, integrando conhecimento técnico com práticas preventivas.
Produzir alimentos é também produzir saúde no campo — O agricultor familiar não é apenas produtor de alimentos, mas também guardião da saúde coletiva. Valorizar a produção orgânica, plantar para o autoconsumo, reduzir o uso de agrotóxicos e melhorar a qualidade da água são medidas que impactam diretamente na prevenção do diabetes e de outras doenças crônicas. Tudo isso fortalece a saúde no campo como um direito e um dever de todos.
Programas como o PAA (Programa de Aquisição de Alimentos) e o Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) ajudam a fomentar a produção de alimentos saudáveis e a geração de renda, fortalecendo a soberania alimentar e o bem-estar das famílias do campo.
Saúde também é uma colheita — Neste Dia Nacional do Diabetes, é tempo de lembrar que saúde também se planta, se cultiva e se colhe. O agricultor familiar, responsável por alimentar milhões de brasileiros, precisa estar forte e bem para continuar sua missão. A prevenção ao diabetes começa com informação, cuidado e valorização da vida.
“Quem planta a terra com amor também precisa cuidar do corpo com atenção. Diabetes não é sentença, mas é um aviso. Se cuidar é garantir que a colheita de amanhã venha com saúde.”
Se você vive no campo, procure a UBS mais próxima, converse com os profissionais de saúde e incentive sua comunidade a fazer o mesmo. Cuidar da saúde no campo é o primeiro passo para fortalecer a agropecuária familiar de forma justa, sustentável e com qualidade de vida para todos.
Fontes: Ministério da Saúde, Sociedade Brasileira de Diabetes, SENAR, Fiocruz, Organização Mundial da Saúde (OMS), Sistema de Informação em Saúde da Atenção Básica (SISAB).
Dica PLUATROX: Imprima esta reportagem e leve para reuniões de associações rurais, sindicatos, feiras da agricultura familiar ou rodas de conversa na comunidade. Informação no campo também é ferramenta de transformação.
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Publisher: Gilberlan Atrox — técnico agrícola em agropecuária, jornalista e fotógrafo documental da PLUATROX SEGMENTOS, marca segmentada que atua nas áreas de comunicação rural e serviços técnicos agropecuários.