Kassyo Ramos critica gestão em Parauapebas e expõe divergências internas no PRD

Kassyo Santos Ramos, ex-presidente do PTB e atual secretário-geral do PRD, critica gestão municipal em Parauapebas e questiona uso de recursos partidários, em fala baseada na declaração do deputado estadual Rogério Barra (PL-PA).

Contexto político

Kassyo Santos Ramos, ex-presidente nacional do extinto Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e atualmente secretário-geral do Partido Renovação Democrática (PRD), voltou a se manifestar sobre os rumos da política municipal em Parauapebas (PA). O PRD, partido de centro-direita, foi criado em 26 de outubro de 2022 a partir da fusão entre o Patriota e o PTB, consolidando-se como uma legenda de alcance nacional.

Na declaração, Kassyo destacou não ter ligação direta com o grupo político do deputado estadual Rogério Barra (PL-PA), mas reforçou críticas à condução do atual prefeito de Parauapebas, cuja gestão, segundo ele, teria frustrado compromissos políticos assumidos com o partido.

Declaração de Kassyo Santos Ramos

Segundo Kassyo:

“Não sou ligado ao grupo político do deputado Rogério Barra, ao qual também não tenho nada contra. Mas esse prefeito ao qual ele acaba de falar aí é realmente uma farsa. Enganou nosso partido PRD. E principalmente me enganou, pois acreditei no seu projeto político para o município. O PRD ajudou na nominata para vereador com 1 milhão de reais no município. Parabéns deputado Rogério Barra por mostrar quem é esse cidadão. Muitos me avisaram, e mesmo assim, para manter a minha palavra, acreditei neste cidadão.”

A fala foi motivada por declarações de Rogério Barra feitas no dia 23 de setembro de 2025, durante a sessão itinerante da Assembleia Legislativa do Estado do Pará (Alepa) em Parauapebas.

Repercussão das falas do deputado Rogério Barra

Em publicação em suas redes sociais, o deputado escreveu:

“O prefeito falador de Parauapebas é o retrato da enganação. O maior estelionatário eleitoral das últimas eleições hoje não passa de um caititu domesticado, mamando dinheiro público sem pudor. Suas contradições escancaram a farsa: de um lado, anuncia colapso financeiro; de outro, promove evento milionário para enaltecer a própria mulher. Além disso, loteou a máquina pública com a parentada e abriu espaço para empresários de fora faturarem alto, enquanto o comércio local fica de mãos abanando. Chega de mentira e pilantragem com a cara do povo de Parauapebas!”

O que significa “ajudar na nominata”?

Na ciência política e no direito eleitoral, nominata é a lista de candidatos registrados por um partido para disputar as eleições. “Ajudar na nominata” significa dar suporte político, logístico ou financeiro para que o partido consiga lançar o maior número possível de candidatos competitivos.

No caso citado por Kassyo, ele se refere a um suposto aporte de R$ 1 milhão que teria sido destinado para fortalecer a nominata do PRD em Parauapebas, especialmente na formação de chapas de candidatos a vereador.

Prestação de contas eleitorais

De acordo com a Justiça Eleitoral, todos os recursos financeiros utilizados em campanhas — sejam de doações de pessoas físicas, doações do fundo partidário ou do fundo eleitoral — precisam estar devidamente registrados na prestação de contas dos candidatos e partidos.

Assim, caso o valor mencionado por Kassyo realmente tenha sido aplicado, ele deve obrigatoriamente:

• Estar registrado no Sistema de Prestação de Contas Eleitorais (SPCE);
• Ser identificado com origem e destino dos recursos;
• Ser fiscalizado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE);
• Estar disponível em relatórios públicos para consulta pela sociedade.

Na prática, qualquer recurso aplicado fora dessas regras pode caracterizar irregularidade eleitoral, sujeita a sanções legais, inclusive com risco de cassação de candidaturas ou devolução de valores ao erário.

O episódio mostra como a política em Parauapebas continua marcada por tensões internas entre lideranças partidárias, acusações públicas e disputas pelo controle de recursos eleitorais.

Do ponto de vista da ciência política, trata-se de um conflito clássico entre capital político, alianças estratégicas e prestação de contas pública. A transparência sobre os recursos aplicados em nominatas é essencial para garantir a legitimidade do processo democrático e fortalecer a confiança do eleitorado.