No dia 30 de junho de 2025, completou-se o primeiro semestre de mandato dos 5.569 prefeitos em todo o Brasil. Um período que, embora curto, já oferece elementos suficientes para que os moradores do meio rural possam avaliar: o que foi feito até agora em benefício do campo?
Em regiões onde a agricultura familiar, a pecuária de pequeno porte e os saberes tradicionais moldam a vida das comunidades, o papel do prefeito vai além da assinatura de decretos: é preciso agir com presença e compromisso.
Embora a agropecuária familiar mova a economia de milhares de pequenos municípios, a realidade no campo ainda enfrenta entraves como falta de assistência técnica, crédito rural limitado, estradas precárias e abandono de políticas públicas. Em seis meses de gestão, algumas prefeituras distribuíram sementes e mudas nativas, incentivando sistemas agroflorestais e a produção sustentável. Implantaram feiras da agricultura familiar e programas de compra pública direta (como o PAA Municipal). Nomearam técnicos agrícolas como responsáveis por territórios produtivos. Criaram ou fortaleceram secretarias de Agricultura e Meio Ambiente.
Porém, outras cidades seguem paradas no tempo, com ausência de apoio à produção, silos públicos fechados e promessas que só foram ditas no palanque.
Escolas rurais seguem enfrentando descaso estrutural: transporte escolar irregular, escolas multisseriadas com carência de professores e conteúdos que não dialogam com a vida no campo. Onde há gestão comprometida, destacam-se reformas e ampliações de unidades escolares nas zonas rurais, projetos de educação contextualizada com base na realidade do campo, distribuição de material didático e kits escolares adaptados à realidade rural.
Mas onde a educação do campo não é prioridade, o êxodo rural juvenil cresce silenciosamente.
Nos interiores do Brasil, ainda é comum a cena de agricultores viajando horas até a sede municipal em busca de atendimento. Prefeituras que investem corretamente neste setor têm implantado postos de saúde rurais com agentes comunitários capacitados, adquirido ambulâncias e medicamentos básicos, feito campanhas de vacinação itinerante, ampliado, atendimentos por meio de unidades móveis de saúde.
Outras, infelizmente, ainda ignoram que o direito à saúde deve atravessar a porteira.
Sem estradas transitáveis, não há escoamento da produção nem acesso a serviços. Sem iluminação pública, a escuridão se torna insegurança para famílias, escolas e até cultos religiosos. Municípios que pensam o campo como prioridade têm investido na abertura e manutenção de estradas vicinais e ramais, na iluminação com lâmpadas de LED em comunidades rurais e povoados e na ampliação do policiamento comunitário rural em parceria com forças de segurança.
Onde o campo continua esquecido, o risco, o medo e o isolamento imperam.
Avaliar o desempenho de um gestor é mais do que olhar redes sociais e promessas. É sentir no corpo da comunidade se houve diálogo com os sindicatos e associações rurais, escuta das lideranças locais, investimento em políticas públicas específicas para quem vive, planta, cria e cuida da terra.
Se houve avanços, parabenize e incentive. Se houve omissão, cobre e participe.
Afinal, já se completou meio ano de um governo que prometeu cuidar de toda a população — inclusive a que vive distante do centro da cidade, mas perto da terra.